Coleção AA
Artistas:
Danh Võ
Francisco Tropa
José Pedro Croft
Joana Escoval
Laurence Weiner
Miroslaw Balka
Patrícia Garrido
Pedro Paiva e João Maria Gusmão
Pedro Cabrita Reis
Philippe Van Snick
Slater Bradley
Thomas Hirschhorn
Curadoria:
Ana Antunes
António Albertino
Local: Casa particular - Largo Portas do Sol 2A
Horário de funcionamento:
3ª feira a 6ª feira: 10h00 – 14h00
Sábado e Domingo: 10h00 – 13h00 / 15h00 – 18h00
Folha de Sala:
Era e não era
Não é assim tão fácil escrever sobre coisa nenhuma.
Num espaço. Entre tempos. Espaço e tempo.
As mutações da ausência são longas e persistentes, entretanto ou todavia assumem formas.
As janelas coam a luz.
Aqui e ali estamos e não estamos.
Há peças entre paredes, escolhidas, a esconder a proteger a exclamar. Acontecem.
Há um homem de néon e uma mulher que se compactou sólida. Como se fossem reais.
A parede ainda tem cal.
Poisado no chão um cobre we the people ainda sem tempo olha-nos.
No vazio erguem-se objetos redondos que parecem quadrangulares numa ocupação leve e maciça do espaço.
Há uma caixa para guardar momentos. E poder soltá-los inesperadamente.
Outra caixa com rede para apanhar murmúrios.
No quarto escuro, como se fosse noite, tiraram a cama e agora vagueamos como se fosse dia. Tudo se move e oculta. E a luz hipnótica ignora-nos.
As pessoas sentavam-se na cozinha em volta do lume e a chaminé espalhava o cheiro a calor vermelho, pela sala. Cortaram as asas à chaminé.
A escada sobe pela parede. A parede cresce na sala parada. Cresce e não sobe. Degraus.
Acende-se a luz para não tropeçar.
Colaram a estampa na parede para não se esquecerem. Aquilo foi a guerra. Aquilo é a guerra.
E os arames da realidade estão pregados na ilusão da parede. Contam histórias do tempo, na esperança de desenharem o que procuramos.
A projeção do vento de vida varre as sombras obscuras, sucessão de imagens luminosas, superando a morte.
Porque “(…) em cada dia criamos uma rápida , brevíssima beleza surpreendente contra a face do pavor.” Herberto Helder
Espantamos as paredes, as palavras, as sombras e vamos sem voltar.
Não esquecer de fechar bem a porta ao sair.
“Não sei se isto é arte. Não sei o que é isto, ou o que é a arte.
(…) a arte deve ser a vida.” Marina Abramović
Ana Antunes
Sobre a Coleção AA:
Construída nos últimos 25 anos, a Coleção AA norteia-se pela subjetividade do gosto dos colecionadores. Composta por artistas nacionais e internacionais contemporâneos, inclui uma diversidade de meios e processos artísticos. Várias vezes exposta publicamente, procura conexões e cruzamentos com outros artistas e coleções.
A arte só faz sentido se for tornada pública e se for vista.
Deseja poder concretizar esta partilha, esperando que seja possível encontrar uma entidade pública ou privada com a qual possa concretizar este projeto.