Coleção João Luís Traça
Artistas:
Adriana Proganó
Ana Morgadinho
Anastácia Kazmina
Bruno Grilo
Eva Gaspar
Fábio Colaço
Fátima Mendonça
Felix Vong
Isabel Medeiros
Jaime Welsh
Joana Aparício Tejo
Musa Paradisiaca
Pedro Valdez Cardoso
Rita Paisana
Stéphane Blumer
Curadoria: Susana Stoyanova
Local: Hotel Vila Galé Collection
Horário de funcionamento:
2ª feira a Domingo: 9h00 – 18h00
Folha de Sala:
Por um rio. Por um fio
Construir uma coleção de arte contemporânea de forma espontânea é como seguir um rio sem destino predeterminado, deixando-se levar pelas correntes da criatividade e da descoberta. O colecionador encontra beleza tanto nas obras de artistas desconhecidos, cujo potencial ainda está por ser reconhecido, quanto nas criações de outros já consagrados, apreciando a diversidade de expressões e narrativas que permeiam o mundo da arte contemporânea. Cada peça adicionada à coleção é uma história em si, uma janela para diferentes perspetivas e um reflexo da sua visão única e gosto pessoal.
Quando o crítico de arte e curador Simone Menegoi pergunta ao colecionador italiano Renato Alpegiani quais os motivos que o levam a adquirir determinadas obras de arte, ele responde: “Uma delas é certamente a emoção do desconhecido: seguir a arte é como caminhar por um caminho aberto ao presente – não sabemos onde ela nos leva, não se pode perguntar muito. Quando as emoções são tão fortes que há um curto-circuito entre o cérebro e o estômago, vale a pena render-se [...]” (1). Pessoalmente, identifico na Coleção João Luís Traça esse mesmo traço genético: um conjunto de obras que é o resultado deste exercício, timonado por uma paixão muito pessoal, muitas vezes incompreendida, e formalizado por uma estética muito diversificada, e acima de tudo, descomprometida.
Na coleção de João Luís Traça, o fio condutor, o denominador comum das peças que a compõem não é transversal, não se guia por uma teoria ou objetivo estratégico ou financeiro, passando antes pelo interesse por uma diversidade de conceitos que de alguma forma, desafiam e estimulam a pensar a arte de uma forma diferente, disruptiva e refrescante. Aqui o fascínio pelo trabalho de jovens artistas cumpre um papel importante, pois permite conhecer novas formas de ver e pensar. Isto ocorre sem representar uma inconsistência com outras obras que pertencem à coleção, de cariz mais clássico ou que representem referências no contexto histórico e artístico nacional ou internacional. De alguma forma conseguimos sempre relacionar peças que num primeiro plano nos parecem tão antagónicas. Este desafio é, a meu ver, uma das facetas mais ricas e interessantes desta Coleção.
Formalmente, as obras que a constroem não estão limitados por uma preferência por determinados media, o que encaro como uma forma de elevar suportes habitualmente desconsiderados, como prints, fotocópias, posters, colocando-os no mesmo patamar de uma pintura ou de outro igualmente nobre.
Susana Stoyanova
1. (ed.), Andrea Bellini. Collecting Contemporary Art. Zurique : JRP Ringier Kunstverlag AG, 2008. pág. 3